segunda-feira, 11 de julho de 2011

Por que Freud rejeitou Deus?

  Por que Freud rejeitou Deus? A psicóloga Ana Maria Rizzuto elaborou uma pesquisa para tentar responder essa questão, lançou um livro com o mesmo nome, e o resultado veremos a seguir. 
  Rizzuto conta que a busca por resposta à pergunta “por que Freud rejeitou Deus” começou quando se preparava para fazer uma palestra para a qual foi convidada, durante a exposição “As antiguidades de Sigmund Freud: fragmentos de um passado esquecido”, promovido pelo Freud Museum de Londres em comemoração ao qüinquagésimo aniversário da morte de Freud, no período de 28 de fevereiro a 5 de abril de 1992. 
  Ao aceitar o convite, Rizzuto decidiu olhar mais de perto as coleções de Freud e ficou impressionada com a seguinte constatação: as “similaridades entre os objetos reproduzidos no catálogo [da exposição] e as ilustrações da Bíblia” que pertencia a Freud, presenteada por seu pai. Essa bíblia de Freud “continha mais de 500 gravuras de animais, árvores, objetos e paisagens mencionados no texto” – tratava-se, na verdade, de três volumes. Rizzuto então afirma:

Diante de mim estavam centenas de ilustrações bíblicas. Os objetos em exposição representavam apenas pouco mais de três por cento da coleção de Freud. Isso tornava ainda mais surpreendente o fato de que tantos objetos na mostra evocassem as ilustrações bíblicas. (…) As ilustrações bíblicas devem ter influenciado Freud na escolha dos objetos e talvez até mesmo em sua paixão por colecionar” (p. 13).
  A partir dessa observação intrigante, Rizzuto toma então como sua tarefa “apresentar uma explicação psicanalítica para as similaridades”. Assim,
Seguindo o método de investigação do próprio Freud, explorei as circunstâncias de seu colecionamento, o significado pessoal explícito dos objetos, seus prováveis motivos inconscientes e a satisfação consciente que os objetos proporcionavam ao seu proprietário (p. 13).
  No percurso de sua investigação, a autora dá-se conta de que a tese freudiana de que a religião perpetua a ilusão infantil de estar protegido por um pai bondoso levou-o a uma busca de libertação desse anseio considerado, por ele, como infantil. Rizzuto descobre que Freud, quando criança, formara em sua mente uma certa representação de Deus que merecia ser pregado e louvado. A partir dessa observação, sua tarefa passou a ser, então, a de descobrir as mudanças intrapsíquicas que transformaram a imagem de Deus que ele possuía quando criança, “em sua denúncia adulta de Deus como um produtor de desejos infantis” (p. 14).
  O processo investigatório de Ana-Maria Rizzuto traz-lhe surpresas inusitadas acerca da relação de Freud com a bíblia e com o seu pai. O livro descreve o curso de suas investigações e revela os resultados. Rizzuto mostra, assim, que foi a partir da relação construída com seu pai (de onde provém a idéia de Deus, segundo o próprio Freud) que torna-se impossível a Freud desenvolver uma relação com Deus. A Freud restava uma única escolha, segundo Rizzuto: a de “aceitar que estava sozinho, desprotegido, sem modelo, e que a evidente afeição de seus pais não podia ajudá-lo. (…) O único consolo para ele e para a raça humana era ser estoicamente auto-confiantes” (p. 252). Para Rizzuto,
a dor da pequena criança [de Freud quando criança] levou à insistência veemente em que todos devemosdesistir de um Pai-Deus, incapaz de proporcionar qualquer proteção ou consolo. O sofrimento pessoal de Freud se tornara articulado em sua teoria sobre a religião para toda a humanidade. (…) Sua descrença desafiadora expressava a dimensão de sua integridade psíquica e também de sua coragem e de sua capacidade de sublimação: transformar o profundo sofrimento da criança e do adolescente numa nova ciência que abriu os horizontes inexplorados da mente humana. Deus fora substituído pela razão de Freud. O homem desprotegido criara sua própria autoproteção” (p. 252).
  Freud generalizou sua experiência pessoal acreditando que esta deveria ser normativa. “Ao perder a perspectiva a respeito do seu próprio sofrimento pessoal, ficou cego para a ‘variedade das experiências religiosas’”, descrita tão bem por William James, seu contemporâneo.
  Enfim, a autora concluiu que as experiências infantis de Freud não lhe proporcionaram as condições psíquicas para a crença em Deus. “Seu Deus pessoal não tinha confiabilidade, não merecia crença. Uma forte descrença era a única proteção contra a dor intensa causada pelos anseios não-satisfeitos da criança, do adolescente e do adulto” (p. 253).
  Rizzuto pontua que Freud dominou seu sofrimento e sua raiva transformando-os em “obras-primas”. Em outras palavras, poderíamos dizer que ao invés de se configurar um narcisismo reativo em sua subjetividade, as forças ativas, de criação e de afirmação da vida foram as que predominaram. Entretanto, esse modo como sua subjetividade compôs as forças de narcisação “não deixa de revelar, de forma disfarçada e sublimada, sua premente necessidade de uma proteção não conseguida” (p. 253).

Masturbação




  Você já parou para pensar por que masturbação é um tema que gera tantos conflitos? Por que esta prática sexual realizada sozinho, ou mesmo com parceiro, para atingir o prazer sexual, não é tida como um ato tão natural como a relação sexual?   Pois saiba que nem sempre foi assim.
   Na Antigüidade, a masturbação era uma forma muito aceita de se obter prazer. No Antigo Egito, a religião utilizava a masturbação do deus Aton como exemplo para descrever a criação do mundo. As mulheres, ao morrer, eram mumificadas e enterradas com os objetos fálicos, com os quais se masturbavam.   Com a dispersão da cultura judaico-cristã, cujas religiões pregam que os homens sejam reprodutivos e se multipliquem, a prática da masturbação passou a ser condenada e chamada de onanismo (doença de Onan), porque causava o mesmo desperdício de sêmen e intencionalidade que o coito interrompido. Ambas práticas sexuais, cujo objetivo é o prazer.   Onan, cujo irmão morreu sem ter filhos em seu matrimônio, foi obrigado a casar com Tamar, a viúva, para lhe dar filhos. Pelo costume dos judeus, quando uma mulher contraía matrimônio, passava a pertencer ao marido e a toda família. Portanto, se o marido morria sem engravidá-la, cabia ao irmão mais novo a responsabilidade de tomar a viúva como esposa e criar o primeiro filho nascido de ambos, como um filho legítimo do morto. Sabendo que tal filho não seria reconhecido como seu, Onan, sempre que ia ter relações com Tamar , na hora de ejacular, deixava o sêmen cair no chão para não engravidá-la. Ao saber do que se passava, Deus o castigou com a morte.                  Não por ter se masturbado, mas por não querer fecundar a mulher de seu irmão e desperdiçar seu sêmen. 
  É desta história, provavelmente, que vem a crença de que a masturbação causa a morte.   Na Idade Média, ficou ainda mais forte a idéia da ejaculação com a finalidade de procriação. Quando alguém era  acusado de masturbação, era considerado herege, podendo ser condenado à morte na fogueira. Naquela época, o                              religiosos acreditavam que a masturbação era obra do demônio. Desse modo, as práticas sexuais com a intenção de buscar o prazer eram consideradas pecaminosas.   Foi assim que a masturbação ficou associada ao pecado e à crença de trazer conseqüências terríveis para seus adeptos, desde a evocação de demônios, até o surgimento de doenças, e inclusive a morte.
  Por essas coerções, não é de estranhar que muitos adolescentes temessem que, ao se masturbarem, corressem o risco de pecar ou ter doenças como epilepsia, loucura, tuberculose, espinhas, impotência.   Essas idéias de origem religiosa foram reforçadas mais adiante, no século XVIII em virtude da publicação de livros médicos. Tissot afirmava, por exemplo, que o esperma é um óleo essencial e desperdiçá-lo enfraquece o organismo e o torna mais vulnerável às doenças. Isto desencadeou um movimento antimasturbatório que ganhou ainda mais força, por se tornar também um valor da burguesia, na busca de poder. Era a tentativa de se distinguir da nobreza - classe degenerada - por meio da exaltação da decência.   Neste período, muitos jovens eram obrigados a usar um detetor de ereção ligado a um sino que alertaria os pais. Outros dormiam com um perverso anel de metal com quatro pregos voltados para dentro, ajustado ao pênis, para garantir uma noite sem ereção.   Nos colégios internos, os alunos culpados de masturbação eram presos e devolvidos à família. Tidos como doentes, eram submetidos a um tratamento especial: deitar-se de lado, nunca de costas, com aplicações locais de bolsa contendo gelo picado, neve ou água muito fria. Havia casos em que chegavam a fazer a cauterização do canal da uretra com nitrato de prata, além de dietas alimentícias para evitar a ereção ou a polução noturna.  
  O mesmo rigor era aplicado às meninas. Os religiosos, entendiam que, se o clitóris não tinha função na reprodução, só servia para o prazer sexual. Os médicos, portanto, realizavam o tratamento das jovens que eram encontradas se masturbando, por meio da retirada do clitóris, o qual era queimado com nitrato de prata ou com ferro quente. Outra opção era o uso de cinto constritivo que fechava a vulva, só deixando uma pequena abertura para a eliminação de urina e menstruação.  
  Como a história conta, muito tempo se passou acreditando nesses conceitos sobre masturbação. Só com os estudos de Freud sobre a sexualidade infantil, e, principalmente, com o avanço da sexologia, já no século XX, é que a masturbação começou a ser entendida como um hábito saudável na infância, adolescência, fase adulta e velhice. Mas muitas pessoas, ainda hoje, sentem-se inseguras para praticá-la naturalmente.   Quando chega a puberdade, a masturbação assume um papel importante na busca de satisfação sexual, tanto para os meninos, como para as meninas. A produção dos hormônios sexuais e os novos interesses do adolescente provocam o desejo sexual de forma muito intensa. Para aliviar esta tensão, eles buscam, na maioria das vezes, praticá-la de forma solitária.   Embora , atualmente, a masturbação na adolescência seja reconhecida, como uma aprendizagem importante para a satisfação sexual na vida adulta, muitos jovens ainda carregam sentimentos de culpa e medo, em função de uma educação rígida e de mitos que persistem até hoje. O prazer com a auto-estimulação dos genitais e o conhecimento melhor do corpo e das emoções são benefícios da masturbação, ignorados ainda por muitos. Mas é importante deixar claro que a masturbação não é coisa só de adolescentes! Ela também é muito praticada na idade adulta, apesar de pouco admitida, inclusive por pessoas que possuem companheiros sexuais. Além de ser uma fonte a mais de prazer para si, pode ser também prazeroso realizá-la nas trocas sexuais com o parceiro.  
  Ao contrário do que se diz há alguns milênios, não há porque temer a masturbação. Ela só deve ser vista de forma preocupante quando praticada com objetos que ofereçam risco de lesar fisicamente a pessoa, num ambiente inadequado, ou de maneira compulsiva. Neste último caso, a pessoa deixa de fazer outras atividades ou de ter relacionamentos para se dedicar exclusivamente ao sexo solitário. O que merece tratamento não é a masturbação, mas o motivo que leva a pessoa a repeti-la compulsivamente. Ela é a conseqüência, não a causa do problema, alertando, muitas vezes, para necessidades que estão sendo negligenciadas.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Funerais Diversos !


    No capitulo 11 do evangelho de João a bíblía relata a morte de Lázaro, amigo de Jesus, no verso 35 está escrito " Jesus Chorou "; sim, o messias do cristianismo chorou a perda de um ente querido no funeral.


  Talvez você pense: O que tem de mais em Jesus chorar a morte de Lázaro?, é algo natural chorar a morte de um amigo em seu sepultamento, certo? E eu respondo: Sim, é natural essa reação das pessoas em nossa cultura cristã brasileira, mas em outros lugares a coisa não é bem assim.



   Bom, é interessante o fato de que diversos povos e culturas têm rituais e visões tão diferentes da nossa. Então vamos logo pra parte boa, abaixo temos um resumo de como é feito a cerimônia fúnebre em alguns países.

  No Brasil, o funeral costuma ser realizado em locais apropriados (geralmente, no serviço do próprio cemitério), a duração é de no máximo 48 horas após o falecimento. No dia 02 de Novembro, é o Dia de Finados, é quando relembramos nossos mortos, geralmente, com muito pesar.
  O prazo de 48 horas é curto se comparado a outras culturas, a justificativa é que o clima tropical  favorece a decomposição do corpo, mas, há quem diga que isto pode ser reflexo da visão que o brasileiro tem da morte e a relação com o falecido, e pode até influenciar em nossa recuperação pós-luto, gerando até conflitos mal-resolvidos.

   Na Itália e na Suíça, geralmente, os funerais são feitos em casa e duram no mínimo 48 horas, podendo chegar a uma semana, para que a maioria de amigos e parentes possam se despedir do falecido. As pessoas vão e vem, beliscam alguns salgados, tomam vinho, uma ou outra risada, e isso não causa constrangimento.     Na Suíça, por exemplo, há hospitais que disponibilizam uma sala refrigerada, onde o corpo fica a disposição dos visitantes, que podem até marcar hora para a visita.


  Em Moscou, alguns utilizam uma igreja ortodoxa local, onde o funeral é feito com uma reunião muito alegre, com pessoas vestindo roupas coloridas (é proibido usar preto) e entoando cânticos de alegria.

  No México, o dia de finados é comemorado com muita festa e alegria, exceto, pelo motivo da comemoração, são muito semelhantes a uma festa de aniversário, inclusive, o morto é convidado para participar do banquete e os vivos festejam para que ele fique bem. As festas podem ser em casa ou no cemitério, mas tem que ter muita alegria e “comes e bebes”. Para sintetizar a visão da morte para o mexicano, encontrei o seguinte conteúdo:
  “No México contemporâneo, temos um sentimento especial diante do fenômeno natural que é a morte. A morte é como um espelho que reflete como vivemos e nossos arrependimentos. Quando a morte chega nos ilumina a vida. Se nossa morte precisa de sentido, tão pouco sentido teve a vida, "diga como morre e te direi como é". Fazendo uma comparação com os cultos pré-hispânicos e a religião cristã, se sustenta que a morte não é o fim natural da vida, se não uma fase de um ciclo infinito. Vida, morte e ressurreição são os estados do processo que nos ensina a religião cristã.” 
No Japão, os funerais são feitos, geralmente, na casa da família, e o interessante é que eles fazem uma cerimônia de preparação do corpo antes de sepultá-los. A preparação envolve a limpeza (para a purificação), a troca de roupas e a maquiagem para o corpo ficar bonito, com aparência saudável e preparado para a viagem que o morto fará ao novo mundo, e tudo isso é feito durante o funeral e na presença de todos.
   Este ritual pode ser feito pelos próprios familiares, mas, geralmente, são os “Nokanshi” que fazem, pois eles são profissionais especializados nisso.
   Os budistas entregam à família do falecido um envelope com uma quantia, indeterminada, de dinheiro no momento do funeral, e costumam celebrar missas ao longo do tempo que se passa após a morte, para manter a memória do falecido e reunir amigos e parentes.
   Para quem quiser saber mais sobre a preparação do corpo no Japão, eu indico o filme “A Partida”, que além de explorar esse costume japonês, aborda também os sentimentos sobre a morte, os conflitos familiares e o preconceito profissional.
  Veja a resenha do filme no site abaixo: http://www.cranik.com/apartida.html

post extraido do portal http://morteparavivos.blogspot.com/2009/11/atendendo-ao-pedido-de-um-internauta.html